*Alerta Spoiler*
Second roun: A Elite.
Eu tenho um problema com segundos volumes de uma trilogia. Regra geral, o segundo livro tende a ser aquele em que tudo o que podia correr mal, corre mal. A Elite, por acaso, até é uma versão soft deste fenómeno.
Começa tudo bem. Eles estão juntos. O Maxon gosta da America e a America gosta do Maxon, embora ainda não tenha decidido se quer mesmo ficar com o Maxon. Eu posso ser indecisa, mas a America está noutra dimensão. É a superlativação deste problema. Por causa disso, é que há uma fase em que o livro começa a descambar. Eles começam a afastar-se e o próprio Maxon começa a ficar com dúvidas se quer mesmo ficar com a America. E é aqui que A Elite toma os contornos de um típico segundo volume.
Como a America não se decide, o Maxon começa a considerar a hipótese de escolher outra candidata. Convenhamos que ele não pode chegar ao fim da Seleção e concluir que a escolhida não está interessada nele. Por outro lado, a America alimenta simultaneamente uma relação com Maxon e Aspen. E no meio disto tudo, o Maxon ainda se acaba por envolver com a Celeste, outra das candidatas. Espetacular, não é? Nesta fase, apetecia-me saltar para dentro do livro e esbofetear cada um dos dois. Vocês têm de ficar juntos, ok?! Parem de ser parvos. Mas eles continuam a ser parvos, cada vez se afastam mais e mal falam um com o outro. Até que a America, numa espécie de vingança pessoal, decide expor um conjunto de factos confidenciais, que dizem respeito ao sistema de castas e foram descobertos graças ao Maxon ter confiado nela. E para piorar toda a situação, fá-lo televisivamente. A miúda, às vezes, fica a dever um bocadinho à inteligência. O rei, que é uma besta, e considera isso uma afronta, decide, obviamente, expulsá-la do palácio. Só que, depois de todo este imbróglio (palavra mais gira!), os rebeldes atacam o país e durante a fuga, a America e o Maxon acabam por fugir os dois e, por um feliz acaso, ficam trancados num dos abrigos. Nesta fase, já o livro está mesmo no fim. Esta é outra das características dos segundos volumes. Só mesmo, mesmo, mesmo no fim, é que a coisa dá a volta. E o segundo volume, acaba com eles juntos e felizes. Ok, não juntos e felizes, porque tem de haver material para o terceiro volume, mas menos afastados e menos infelizes.
Aspetos positivos do segundo volume:
Tem aquelas cenas românticas, fofinhas, cutxi-cutxi e tudo mais de deixar uma lagrimazinha no canto do olho.
Tem uma cena em que a America admite que não gosta de dançar e me levou a pensar “Se ela dança mal e arrebatou um príncipe, só podem estar reservadas coisas muito boas para a minha pessoa”. Posto isto, tenho de fazer uma pesquisa profunda nas famílias reais desse mundo fora.
Não é tão negativo como a maioria dos segundos volumes.
Não se concentra tanto na parte romântica da Seleção como o primeiro volume e explora mais os ataques rebeldes. Vai revelando a origem dos ataques rebeldes, o que dá alguma ação ao livro. Não muita, continua a ser cliché e romântico, mas permite a existência de outras dinâmicas.
Aspetos negativos do segundo volume:
É tão romântico, fofinho, cutxi-cutxi e tudo o mais que uma pessoa quase entra numa overdose de amor. Vamos com calma. No domínio do romance há cenas bonitas e há cenas pirosas. É uma linha ténue, facilmente transponível. As segundas fazem-nos corar de vergonha alheia. E não é o que nós queremos, certo?
Os ataques rebeldes podiam ter sido mais bem explorados. Não digo que descentrássemos da Seleção em si e passássemos a ter um relato minucioso dos ataques, mas acho que podia ter sido adicionado o fator suspense.
A poligamia. Está certo que eles andarem desencontrados dá ali alguma animação, mas escusavam de andar tão desencontrados entre eles os dois e tão suscetíveis a encontros com o resto do mundo.
Os nomes. Quem é que chama uma personagem de America?! Ainda pior, America Singer. Eu, pessoalmente, acho uma ideia péssima, tendo em conta que é uma personagem principal. E pelo Goodreads, não sou a única a achar.