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My cup of tea

"You can never get a cup of tea large enough or a book long enough to suit me" C. S. Lewis

My cup of tea

"You can never get a cup of tea large enough or a book long enough to suit me" C. S. Lewis

Das coisas boas que um dia mau pode ter

Lá fora. Ver desfilar a paisagem num borrão verde, pintalgado de amarelo.

Cá dentro. Gente que não conheço. Não resisto com os olhos no livro a ouvir conversas alheias. Uma senhora com 30 anos fala com um entusiasmo adolescente sobre dietas. Grânola. Sobremesas saudáveis. Morangos. Frutos vermelhos. De repente, sem nenhuma conexão com o tema original, resvala para o crochet.

Outra senhora, a rondar os quarenta. Talvez menos, leva dois cães, cada um na sua caixa. Imagino-a divorciada e sozinha. Ou solteira.

Um rapaz que corre pelo corredor, chega ao lugar e beija a namorada. Ou quem quer que seja.

Não consigo evitar imaginar-lhes a vida que tenho a certeza me passa ao lado.

Por mais que ande de comboio, nunca me canso.

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Vamos falar de questões pertinentes: risco ao lado vs. risco ao meio

Se há questão de suma importância nesta vida que urge destrinçar é a pertinência do risco ao lado vs. risco ao meio. 

Vejamos, durante longos anos usei risco ao lado. Ou melhor, usava 99% do cabelo de um lado da cabeça e abandonava sem dó nem piedade o restante 1% do outro lado da cabeça. Ainda hoje, quando vejo as fotografias, tenho um espasmo no olho esquerdo e vergonha. Muita verginha. E subitamente, vem-me à memória a minha mãe, com toda a sua experiência, a avisar-me que se calhar o meu risco ao lado tendia para um certo exagero. Mas eu, ceticamente, naquela idade em que nos achamos detentores de uma certa omnisciência, ignorei-a. Em parte por não conceber um risco que não fosse ao meio ou num dos extremos da cabeça. E para mim, risco ao meio era isto:

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Usar risco ao meio deixar-me-ia, irrevogavelmente, com consideráveis parecenças com o irmão do Tom Sawyer, o Sid. Nunca parecida com a Sara Carbonero, por exemplo.

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Portanto, a única hipótese passava por usar um risco ao lado que me dava um ar medonho.

Volvidos uns anos, resignei-me ao facto de que já ninguém usava risco ao lado. Muito menos, quando o risco batia a orelha. Um dia tracei uma linha direita que batia o meio da testa. Houve uma fase de habituação que requereu um certo distanciamento emocional da minha infância. O Sid continuava a atormentar-me cada vez que olhava ao espelho. Feita a habituação vivi uns anos feliz com um risco ao meio que pode não ter sido tão atormentador quanto isso.

Acontece que entretanto, descobri a existência de uma coisa chamada meio-termo. Não precisamos abandonar 1% do cabelo, enquanto os restantes 99% vivem sobrelotados qual sardinha enlatada capilar. Podemos fazer uma divisão 40/ 60, por exemplo, sem entrar em extremos.

Acho que é neste fase que estou, 40/ 60. E estou feliz. Nunca subestimem uma questão capilar. Esteja ela em que âmbito estiver. Pode arruinar-vos a auto-estima.

Quando nos apaixonamos por um livro

Há livros que são como entrar numa relação amorosa.

Primeiro começamos a conhecer-nos. Lê-se a sinopse. Vai-se lendo uma ou outra review e percebe-se que há ali uma certa química.

Depois, há um dia, em que queremos mais do que isso. Começamos a beliscar as primeiras páginas. Nada assumido. Se der deu, se não der, paciência.

Até que há ali um momento, em que percebemos que estamos irremediavelmente apaixonados. Vamos com ele para todo o lado: viagens, consultórios, tempos mortos, lacunas no horário… Sentimos que a vida perde parte do sentido sem ele. No fundo, sabemos que nunca mais vamos olhar para o mundo da mesma maneira depois dele.

Por fim, sem estarmos à espera, como se um livro resistisse eternamente à nossa avidez, chegamos à última página. Sentimos um vazio. Um buraco que não conseguimos preencher. Fazemos luto e pensamos que nunca mais vai voltar a haver outro. É impossível voltarmos a apaixonar-nos. Como se não soubéssemos que na leitura se vive uma poligamia consentida. De certa forma, desejamos que se eclipsasse toda a história da nossa memória para voltarmos a ler o livro com o mesmo prazer assaz irrepetível. Voltar a viver o nosso primeiro amor com ele. A sorte é que nos livros se podem viver vários primeiros amores.

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Viver a vida no limite

Vesti-me e pensei:

Podia chover. Hoje, não me importava (da última vez também não). Estou com tanta vontade de ir correr como de me enfiar debaixo de um camião TIR em andamento.

Ainda ensaiei uma pequena dança da chuva, bamboleei as ancas na esperança de haver alguma ligação direta entre o grau de movimento do meu rabo e o grau de saturação das nuvens. Com pouca esperança lá me fiz à estrada.

1ª fase

Hum! Que maravilha: o vento na cara, esta sensação boa de se estar a fazer o que se tem de fazer. A sério? Porque é que adiei tanto isto?

2ª fase

Espera. O que é isto? Isto é cansaço, não é? Já me tinha esquecido do pequeno detalhe que as pessoas cansam-se quando correm. Principalmente quando se fica 6 meses sem fazer nenhum…

3ª fase

Ainda só corri 500m e já estou com uma respiração asmática. Parece que me vou afogar. Senhores! Ainda bem que não está ninguém na rua, caso contrário já tinham chamado o 112.

4ª fase

0,5 km

Whaaaat?! Espera aí, eu ouvi bem?! Eu ainda só corri 500m?! Não pode… O GPS deve estar a falhar…

5ª fase

Acho que vou desfalecer. Sinto-me como se me tivessem enfiado a cabeça dentro de água 10 minutos e tivessem acabado de me permitir vir à superfície. Onde é que está o oxigénio?!

6ª fase

1 km

Ia jurar que por esta altura, na melhor das hipóteses, já tinha corrido 10 km. Está certo…

7ª fase

OMG! Uma subida. Alerta subida. Alerta subida. Alerta subida. Sinto-me a ficar com tremeliques.

8ª fase

Espera aí, eu comi antes antes de vir. E se com este esforço todo ainda tenho uma indigestão? Porque é que eu me meto nestas coisas?

9ª fase

Acho que tenho a visão turva. Só por acaso, quando é que chego a casa?

10ª fase

Dói-me por baixo da língua. E os ouvidos. Tanto. Isto deve ser um problema qualquer manhoso.

11ª fase

Cheguei! Cheguei! Cheguei! Deve ser isto que se sente quando se acaba uma maratona. Com a particularidade que não tenho os meus amigos todos a olharem-me com um certo deslumbramento e prestes a abraçarem-me. Tenho o meu cão a olhar-me com um ar perplexo. Já é qualquer coisa.

 

E é isto. Amanhã há mais. Gosto de sofrer. De sentir que aquele pode ser o último minuto antes de me esbardalhar inconsciente numa valeta (nada dramática). É só naquela de não chegar ao Verão e o meu rabo ocupar 10m2 de praia cada vez que me sento.

O que é que nos faz dar o clique em relação a um blog?| 5

5. Partilhar

Último aspeto que me leva a seguir um blog. O grau de partilha do blogger. É um dos menos importantes, mas tem a sua importância.

Isto de partilhar não é tão linear quanto isso. É partilhar de maneira que não seja too much ou too less. Encontrar um equilíbrio. Para quem lê e para quem escreve. Há coisas que eu simplesmente não quero saber, e outras tantas que o blogger não quer partilhar porque é estar a entrar na esfera privada.

Quando se encontra o equilíbrio geram-se dois efeitos: o efeito “Espreitar pela fechadura” e o efeito “Ah! Afinal não sou a única!”.

Inegavelmente, não resistimos a saber o que se passa do outro lado do ecrã. Eu incluída. Acompanhamos de tal forma vidas alheias, que há sempre uma certa curiosidade associada à vida de quem vai alimentando um blog.

O outro efeito acontece quando nos identificamos com quem está do outro lado. Ah! Afinal não sou só eu que perco qualquer vida social em época de exames. Afinal não sou só eu que tenho professores parvos todos os dias. Afinal não sou só eu que só não andei à chapada com a minha vizinha, porque não calhou.

Para não me assolapar a todos os sapatos que me passam pelas vistas

De repente, assim do nada, há uns ténis (sapatilhas, sneackers, o que lhe quiserem chamar) que ficam na berra e que tooooda a gente usa. New Balance, Stan Smith, Superstar e agora… Adidas Tubular. Não tão agora assim, mas mais recentes que qualquer um dos supracitados.

E eu estou a escrever este texto não para vos informar desse facto, mas para mais tarde relembrar o que escrevi. A minha opinião é que são PA-VO-RO-SOS. Mesmo. Não há nenhuma justificação plausível para vos dizer que os acho feios (e ponham feio nisso), mas não gosto. Daqui a um mês quando vender um rim para os ter (não desconfio qual é o preço, mas metade de um dos lóbulos do pulmão deve chegar, um rim já é abusar), vou desenterrar este post e obrigar-me a lê-lo para não ter uma opinião tão volúvel.

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O que é que nos faz dar o clique em relação a um blog?| 4

4. Imagens

Há blogs que sigo unicamente por causa das imagens. Leio na diagonal o texto, regra geral pouco, e detenho-me a babar para as imagens inspiradoras. E a pensar que um dia vou ter um corpo assim, fabuloso. Ou vou fazer bolos que me deixam a salivar só de olhar. Ou vou correr o mundo e viajar até à exaustão. Ou vou ter uma casa tão minimalista como aquela e gira que se farta. Ou se calhar não. Mas isso, agora, também não interessa nada.

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Sim, sou terrivelmente incompreendida...

Cá em casa, para o resto da família:

1. Sou a maluquinha dos livros;

2. Sou a maluquinha que, segundo eles, está sempre pronta para se enfiar em espaços a cheirar a mofo ou cheios de pó. Referem-se, portanto, a bibliotecas, museus ou monumentos em geral;

3. Sou a maluquinha, que quando tiver casa própria a vai encher de tralhas velhas sem grande utilidade. Falam de artigos vintage.

O que é que nos faz dar o clique em relação a um blog?| 3

3. Design

Para mim, já foi mais importante. Já houve alturas em que visitava blogs com um aspeto duvidoso e fugia, independentemente do conteúdo do blog. Hoje em dia, a maior parte dos blogs que sigo faço-o via bloglovin’. Por incrível que pareça há blogs que nunca visitei a página na Internet. Leio os textos unicamente pelo bloglovin’.

Mas não há como negar, ver um blog todo pipi deixa vontade de lá voltar.

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