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My cup of tea

"You can never get a cup of tea large enough or a book long enough to suit me" C. S. Lewis

My cup of tea

"You can never get a cup of tea large enough or a book long enough to suit me" C. S. Lewis

Vamos falar de doenças mentais

Quando alguém parte uma perna, olhamos para a perna engessada e perguntamos como tem passado, se a perna dói muito ou é coisa mais ou menos suportável, como foi que aquilo lhe aconteceu e em quanto tempo vai passar.

Quando alguém tem um cancro. Seja lá onde o bicho se esconder, num pulmão, numa mama ou numa próstata, há de haver sempre gente, que se vai condoer. Caramba, ninguém merece ter um cancro.

Quando alguém tem esclerose lateral amiotrófica, ou qualquer outra doença degenerativa, olhamos e vemos a morte a aproximar-se lentamente. Abanamos a cabeça e dizemos Coitadinho, não merecia.

Quando alguém tem uma depressão. Há silêncios vários. Gente que olha de lado e tenta compreender, mas não compreende. Gente que olha de lado e nem tenta compreender. Não há gesso, não há quimioterapia, não há uma TAC, um raio-X, uma ressonância, umas análises que digam que apareceu uma depressão. Não há nada palpável. Não há nada mensurável. Fica tudo num domínio muito abstrato. E quem diz depressão, diz também bipolaridade, esquizofrenia, e outras que tais do foro mental, que se escondem por labirintos misteriosos.

Olha-se por fora e continua tudo igual. Por dentro, é que não. Mas por dentro não é visível. Não se percebe porque é que a outra pessoa quer sossego, muito sossego, silêncio, escuro, vontade de se alienar do mundo, um peso gigante em cima, poucas conversas, uma aflição, uma ansiedade, uma tristeza imensurável, um desespero, uma prostração aguda, falta de ganas para agarrar a vida e vivê-la. E tantas outras coisas, que não parecem ter relação nenhuma com o problema original. Não se percebe como é que apareceu. Ou onde é que apareceu.

Não há células cancerígenas que expliquem. Não há uma queda de umas escadas. Não há neurónios a morrer. Não há nada.

Há sim. Há um trauma. Ou vários traumas. Mas olhamos para a outra pessoa e pensamos que já passámos exatamente pelo mesmo. Ou o nosso vizinho que passou por bem pior. E erguemo-nos. Sem nos encharcarmos em ansiolíticos e anti-depressivos. E a outra pessoa. A tal da depressão. Que não passou assim por tanto, diz que tem a famigerada depressão.

E sem pingo de empatia, dizemos que a culpa é dela. Porque se alguém parte uma perna, tem um cancro ou ELA, é uma pobre alma com pouca sorte. Mas se alguém tem uma depressão é um desgraçado com múltiplas culpas no cartório que quer chamar a atenção.

E custa-me horrores, viver numa sociedade que não consegue olhar para uma doença do foro mental como olha para uma doença de qualquer outra origem. Viver numa sociedade que prefere fechar os olhos e fingir que estas doenças não existem e nunca nos vão atingir.

Eu, indecisa?! Essa agora...

Acabei por encomendar o vestido de que falei, ontem. Foi mais forte do que eu. Uma pessoa, também, não é de ferro, certo? Só que com estas coisas dos saldos, o pequeno pode demorar mais um a dois dias a chegar. Se ele chegar dentro do prazo estipulado fora do período de saldos, chega exatamente no dia que eu quero, se tiver o atraso por causa dos saldos, a coisa já corre mal. A sério, quem me manda levar tanto tempo para decidir uma coisa? Eu sou, de facto, o expoente máximo, o apogeu, o que lhe quiserem chamar, da indecisão. Levo toda uma vida para decidir detalhes minímos.

Como para além de indecisa, também sou incrivelmente chata, decidi ligar para a o serviço online da Zara a perguntar se eles por acaso não têm informações em relação aos prazos de entrega, para além dos que estão no site. Isto é, se eles sabem se as entregas se estão realmente a atrasar por causa dos saldos ou se está tudo dentro dos trâmites normais.

O senhor que me atendeu, uma paz de alma, uma simpatia, respondeu-me a tudo como se eu não estivesse a ser uma criatura incrivelmente chata. E no fundo, limitou-se a dizer-me o que já estava no site, mas naquela voz devidamente modulada que eles devem ser obrigados a fazer. E quanto mais estapafúrdia era a questão (eu tenho uma certa propensão a fazer perguntas parvas com respostas óbvias), mais calma era a voz do senhor. Invejei-lhe a paciência.

Depois de desligar a chamada, cheguei à conclusão, que o senhor, teve toda aquela paciência infinita, de certeza, porque a chamada estava a ser gravada. Imagino que depois de terminar a chamada se tenha virado para o colega do lado e tenho dito:

- Mais uma abécula analfbeta que não leu as informções no site.

Portanto, no fim de toda esta saga, fiquei na mesma. Não sei se o vestido vai chegar a tempo. Tenho estado a controlar obsessivamente o estado da encomenda.

Oh! Well... Mea culpa.

Troveja lá fora...

Por aqui troveja. E relampeja, também, como está bom de se ver. E eu estou com medo, que eu tenho um medo estupidamente irracional de trovoada. E eu queria tanto dormir. Mas agora já não consigo. Esqueçam lá isso. Agora estou aqui em modo pânico a pensar porque raio têm de existir trovoadas. E já dei a volta à blogosgera para ver se me distraio e não penso em desgraças. E ainda se fosse de dia e eu estivesse acompanhada. Mas não. Estou sozinha. Sem ninguém para verbalizar as minhas fobias parvas e sem nexo. Sabem qual é o problema: ainda no outro dia me contaram uns quantos casos assim a tender para a desgraça em relação a trovoadas. Eu sei que ter medo de trovoadas é tão absurdo como ter medo de andar de avião. Mas e enfiar isso na minha cabeça? Ai caramba, que este agora foi horrível! Que medo, gente, que medo. Algo me diz que o meu cão a esta hora deve estar com tanto medo quanto eu. Mas, pronto, ele tem desculpa. Para o bicho deve ser assim um bocadinho estranho o céu enlouquecer, começar a fazer barulho e a acender luzes estranhas.

Sobre estes Saldos

Não há nada que me faça perder a cabeça. Que me leve a tentar desvairadamente assaltar um banco.

Umas sandálias na Mango, pré-saldos, desapareceram antes sequer de eu equacionar compá-las. Eram giras, faziam o meu género, mas não me apetecia comprá-las antes dos saldos. E elas desapareceram para todo o sempre. E eu nem senti aquela pontada de remorsos por não as ter comprado logo. Portanto, não foi mesmo amor. Foi só uma ligeira crush.

Também há alguns básicos que me aquecem o coração. Mas são básicos. Nada de muito interessante.

Acontece que, um vestido na Zara, que eu já tinha debaixo de olho na época pré-saldos, entrou em saldos, com uma redução que não é nada do outro mundo, mas já é qualquer coisa. E eu todos os dias olho para ele. Devo estar à espera que ele esgote. Só pode.

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Porque é que eu ainda não o comprei? Racionalmente, eu não preciso dele. Não preciso mesmo. Tenho ocasiões para o usar, mas tembém já tenho vestidos para essas ocasiões, portanto não faz sentido comprá-lo. Mas é tão giro. E está a um preço tão simpático.

Odeio ser tão indecisa. Mesmo.

A sério que não é inveja

Eu: Vou cortar o meu cabelo assim.

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Mãe: Não vai ficar assim.

Eu: Porquê?

Mãe: Porque o teu cabelo é liso.

Eu: Não, não é.

Mãe: Mas não vai ficar como o dela.

Eu: O dela não é nem encaracolado nem liso. Como o meu.

Mãe: O dela é assim meio selvagem. O teu não vai ficar assim.

Eu: Mas, porquê?

 

O que a minha mãe queria dizer, mas não disse, porque entratnto demos por terminada esta conversa disfuncional:

Filha, o teu cabelo não vai ficar assim, porque ela é linda e maravilhosa e foi abençoada com uma genética fabulosa. Nela o cabelo fica selvagem sexy, em ti ficava unicamente vagamente despenteado.

 

Nunca gostei da Scarlett. Vá-se lá saber porquê.

Quando somos atacados ferozmente por um bicho

Odeio infinitamente melgas. Odeio. Odeio. Odeio. E não tenho qualquer pudor de as aniquilar. Palma da mão aberta a alta velocidade: Zás! Já foi.

É um prazer imensurável, porque é menos uma neste mundo a dar-me cabo dos nervos. Sim, eu sei, numa qualquer teia alimentar, cadeia alimentar, ecossistema, enfim, o que for, há-de ser um bicho extremamente útil e fonte de equilíbrio. Na minha mente, são só os bichos mais improfícuos e maléficos.

Vejamos:

1. Perturbam-me mentalmente com aquele grito agudo de quam está prestes a despenhar-se contra a minha pele.

2. Perturbam-me mentalmente, porque sei que a seguir ao grito agudo de quem está prestes a despenhar-se contra a minha pele, despenham-se, realmente. E ferram o dente. Ou, o que for. E depois, quais parasitas inúteis, alimentam-se do meu sangue. E como se não bastasse, no final, tudo aquilo provoca uma coceira danada. E inchaço, também.

3. Perturbam-me mentalmente quando me atacam ferozmente na cara. Mais precisamente na pálpebra. Ia tendo uma síncope quando acordei de manhã e vi que tinha a pálpebra inchada.

Series| O tempo entre costuras

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Descobri esta série, que não é propriamente recente, há pouco tempo. E gostei muito.

Passa-se entre Espanha, Marrocos e Portugal e gira em torno de uma modista em 1936 que se torna informadora da Grã-Bretanha.

É uma série espanhola feita em colaboração com alguns atores portugueses.

Ainda só vi o primeiro episódio, o que faz com que a minha opinião não seja propriamente definitiva, mas do que vi gostei. A série só tem 17 epidódios, mas cada episódio tem à volta de uma hora e meia. Uma pessoa fica feliz naquela hora e meia, enquanto acompanha a vida louca de Sira Quiroga (a protagonista), ao mesmo tempo que devora uma tablete de Milka de caramelo (só de pensar, já estou a salivar).

Eu tenho estado a ver em castelhano e quando vi o trailer achei um nada incompreensível (vi sem legendas). Eles falam a uma velocidade estupidamente estonteante e a música de fundo não ajudava muito. Mas isto sou eu, qua não sou normal, e tenho uma dificuldade enorme em perceber línguas faladas, que não o português. Entretanto, o episódio começou, a música de fundo desapareceu, e eu entendi praticamente tudo. Portanto, se eu percebi, toda a gente percebe.

Outro apontamento, extremamente relevante: as roupas. A sério, o guarda-roupa é qualquer coisa. Os anos 30 e os anos 40 foram fabulosos em termos de moda. Dá vontade de entrar lá para dentro, sejá lá onde isso for, e usar aqueles vestidos com aquele ar retro, que mais niguém gosta a não ser eu, e que faz as minhas amigas olharem-me de lado. Oh! Well... É dificil ser-se incompreendida.

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Atentem só o cabelo.

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A máquina de costura. Como não gostar desta máquina de costura?

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O meu vestido preferido.

Pronto, já parei.

Parte boa, também há livro. Não sei se vou avançar para o livro, mas ficou a vontade.

 

(Vamos fingir que não estive quase um mês ausente. Sem posts. Sem sinal de vida. Vou-vos poupar à ladainha de que a minha vida tem sido uma loucura e de que tenho tido pouco tempo.)