Acho que se poupasse todo o dinheiro...
que já gastei em meias de vidro, neste momento, escrevia-vos de uma herdade no Alentejo. Ou de uma praia nas Caraíbas.
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que já gastei em meias de vidro, neste momento, escrevia-vos de uma herdade no Alentejo. Ou de uma praia nas Caraíbas.
Se sou eu que vou passear o meu cão, ou se é ele que me passeia a mim. Em modo arrasto.
Estava a andar na rua com uma amiga e a contar-lhe o meu mais recente problema.
Eu: Ontem à noite, fui ao Mac, cheguei a casa e ia jurar que estava a ter uma indigestão. Estava a desfalecer com sono, mas como tinha medo de morrer com uma paragem digestiva durante o sono, estive ali que tempos a resistir até me sentir melhor.
Ela olha para mim e ri-se enquanto eu tento fechar o chapéu-de-chuva. Como eu tenho um dom para estragar chapéus-de-chuva, durante este processo espeta-se uma vareta na minha bochecha, tangente ao olho.
Ela: Estás bem?
Eu: Oh! Meu Deus! Estou a sangrar não estou?
Ela: Eeerrr… Não…
Eu: Mas estou a ficar com um hematoma enorme?
Ela: Hum… Também não…
Eu: Mas vai ficar negro, de certeza.
Ela: Acho que não…
Eu: Deve estar tão vermelho.
Ela: Nem por isso…
Sim, sou um bocadinho hipocondríaca. E exagerada, também...
Como ávida leitora que sou, entre tudo o que leio, também leio Nicholas Sparks (nunca sei como é que se escreve o nome do homem, lá vou eu rumo à Wikipedia confirmar). E gosto. Vá, chamem-me nomes.
Andava eu a fazer uma pesquisa na Internet, já nem sei muito bem sobre o quê, e descubro que ele se divorciou. Como?! Como é que é possível?! É nestas alturas que eu perco a esperança no mundo…
Uma das minhas paranóias com livros é ler com um certo prazer furtivo os agradecimentos. Como quem espreita pelo buraco da fechadura. Acho que em parte se deve à minha tentativa de descobrir um bocadinho da vida do autor. Pois bem, eu suspeito que o Nicholas Sparks e a respetiva mulher deviam certamente desconhecer o que eram métodos contracetivos. Cada livro que passava já tinham feito mais um filho. Tinham um molho de filhos sempre a aumentar. E eu imaginava-os imensamente felizes. Não que os filhos trouxessem felicidade. Mas só um casal estupidamente louco, apaixonado e feliz se lembra de fazer um rancho de filhos. Caso contrário, é a receita perfeita para arruinar um casamento.
A acrescer a isto tudo, há os livros. Não confundindo realidade com ficção, o homem sabia o que fazer para deixar uma mulher a babar. Prova disso são os enredos dos livros. Eu via-o como um guru do amor. E imaginava também que a mulher tinha uma sorte enorme com um homem assim.
Pois bem, depois disto a minha teoria caiu por terra. Estão separados… Oh! Que desgosto… Não sei como me recomponha.
Sim, eu sei... Já foi há um ano. Mas, eu só descobri agora. E tinha de vir aqui, mostrar a minha indignação.
Perdi a minha memória. É um acontecimento chato, porque sabem, dava-me um jeito desgraçado. Do mal o menos, não foi toda a memória. Foi só aquela que se usa para nos lembrarmos do porta-chaves, dos chapéus-de-chuva, do jantar no fogão, daquela ficha que o professor manda para o moodle, daquele encontro que combinámos com uma amiga, dos óculos-de-sol… Perceberam a ideia? Pronto, perdi essa memória. Ofereço alvíssaras a quem ma encontrar. De verdade. A minha mãe também vai a casa da pessoa que ma encontrar dar um par de beijos repenicados. É que ela irrita-se um bocadinho com esta minha perda. Um bocadinho é um eufemismo, convenhamos.
Na verdade, o que não vem ajudar muito, eu não sei exatamente quando é que a perdi. Portanto é difícil, também, precisar onde a perdi. O que não ajuda muito na recuperação. Lembro-me de andar no quinto ano e todos os dias (TODOS) procurar loucamente pelo cartão da escola. Pelas chaves de casa. Pelo telemóvel. Pelo casaco. Porque me esquecia sempre onde deixava tudo (TUDO). Assim de forma superlativa. Com a idade era expectável que a coisa melhorasse. Volvidos quase dez anos, continuo igual ou pior. Numa busca contínua por tudo. Pela própria memória, inclusive. Valha-me a agenda. O pior é quando caio no erro de pensar que sim, que me vou lembrar, não vale a pena apontar, que disparate, havia lá de me esquecer. Esqueço, como é óbvio.
Pronto, fica o recadinho dado. Perdi a memória e dou alvíssaras a quem ma encontrar.
Estou eu a preparar-me para ir correr. Ponho t-shirt, leggings e afins em cima da cama quando, assim do nada, começa a fazer uma ventania e a chover torrencialmente (pronto, a chover torrencialmente também, mas a chover). Eu olho para a janela, arreliadíssima da vida. Logo agora, que eu ia correr, havia de começar a chover, e a fazer vento. Ainda pensei pegar nos ténis e fazer-me à estrada na mesma, mas como está bom de se ver, sou uma pessoa com tendência a constipar-me. Se apanho frio e água, fico de cama em menos de nada. Pus de lado a hipótese (quem é que estou a tentar enganar?! Nem sequer tinha chegado a pôr essa hipótese...), inconformadíssima. Francamente, que pontaria desgraçada.
Estava a falar com uma amiga e quando reparo estamos a falar num tema tão interessante como... lombrigas. Inevitavelmente quando se fala em lombrigas tem de se falar em... cocó (não há melhor forma de me referir a isto sem ser ofensivo ou parecer que estamos num laboratório de análises clínicas). Ora, essa minha amiga é mãe, por esse motivo é que sem grande propósito em concreto começámos a falar de parasitas que habitam alegremente no intestino. A reter para futuras conversas com mães:
1. As mães falam de tudo, sem pudores. Vomitado, ranho, xixi, cocó... Diz respeito aos filhos, tem de ser debatido até ao mais ínfimo pormenor. Mas debatido com entusiasmo e com um grau de detalhe dispensável.
2. Evitar tudo por tudo, que a conversa vá parar ao tema: filhos. Empurrar a conversa para outros tópicos. Tudo menos filhos. Porque se por acaso se ousa tocar no tema filhos, é assunto para três horas de conversa. E ninguém quer (a não ser evidentemente as mães) falar três horas sobre filhos, crianças e doenças da miudagem em geral.
Entro no quarto, acendo a luz. Quase que tenho uma apoplexia. Cenário dantesco e aterrorizador.
Oh! Meu Deus, queres ver que me assaltaram o quarto?
De repente, um flash. Eu, a tirar roupa do armário, de manhã, para tentar descobrir o que vestir. Mas como é que eu deixei o quarto neste estado?!
Hoje foi um dia ótimo, para cima de espetacular, e eu tinha de vir cá partilhar esse facto. Não, não vou passar as minhas próximas férias às Caraíbas. Não, não recebi uma herança com um número astronómico de dígitos. Muito melhor. A fasquia está alta, eu sei. Mas acreditem, é caso para isso.
Depois de quase uma semana sem comer carne, eis que hoje foi o dia em que isso voltou a acontecer. É nestas alturas que uma pessoa dá valor ao que é banal e vulgar e percebe que, afinal, nem tudo está garantido. Só sabemos que estivemos lá em cima, quando estamos cá em baixo. E hoje, eu percebi que já tinha atingido os píncaros da felicidade: tinha liberdade para comer carne mais ou menos quando me desse na real gana. Um bife com arroz (imaginem, nem o arroz era integral!) passa a ser algo inexplicavelmente precioso.
Quando vi aquele naco de carne suculenta, permiti que as minhas papilas gustativas divagassem pelos lugares mais recônditos da minha mente numa tentativa de se relembrarem exatamente qual seria o sabor da carne. Mas só quando ferrei o dente é que percebi que o que quer que a minha mente tivesse produzido, ficava muito aquém da realidade. Pelo meu cérebero ecoou:
Aaaaaaaaaaaahhhh! (som angelical)
E de repente, tudo passou a fazer sentido, a vida passou mesmo a ser bestial.
Permiti-me dar asas à minha felicidade e iniciei um intróito musical:
- Oh, happy daaaaaaaaaay! Oh, haaaappy daaaaaaaaaaaay!
Em troca recebi um olhar escandalizado da minha mãe que queria dizer nada mais, nada menos que:
"Raça da miúda, tu não sabes que não se canta à mesa!"
(A minha mãe não diz raça da miúda. A minha avó diria, mas a minha mãe não. Mas para efeitos dramáticos, não vem mal nenhum ao mundo se fingirmos que a minha mãe diria isso.)
Mas, não quero saber. Estou extremamente alegre e não vão saber as regras de etiqueta que vão ofuscar a minha felicidade.
Três vivas para a carne!
Eu sou pessoa que não aprecia de todo contacto físico. Só em caso extremos e estritamente com pessoas muito achegadas. E por pessoas muito achegadas entende-se família nuclear e amigos muito próximos. Mas só quando tem mesmo de ser, fora isso também é e de evitar.
Ora, para mal dos meus pecados, devo pertencer a uma parte residual da populção. As pessoas tendem a agarrar-se umas às outras sem motivo nenhum em especial. O que dá origem àqueles momentos para lá de constrangedores: E agora, o que é que eu faço? Abraço ou deixo-me estar quietinha? Isto vai demorar muito tempo? Vamos ficar aqui agarradinhos só porque sim até quando? E no final do abraço o que é que se faz? Sorri-se? diz-se que se gosta muito da outra pessoa? Mas alguém me explica porque raio tenho de verbalizar as minhas emoções?
Eu tentei (frustradamente) explicar isto à minha mãe e ela fartou-se de rir. E agora, sempre que me toca, pergunta se estar a ser demasiado invasiva. Será que ninguém me percebe?
Ainda por cima, tinha de viver num país que pertence a uma franja da população europeia que está sempre pronta para um abraço, para uma festinha ou para um cafuné.
Não. Parem, por favor. Pelo bem da minha sanidade mental sou a favor da criação do movimento #nãoaoabraçosóporquesim. Ou se abraça com um motivo forte (muito forte) ou não se abraça.
Alguém partilha o sentimento ou serei a única desapegada?