Cara entidade gestora das doenças, maleitas e afins...
Sempre tivemos uma relação difícil. Sinto que tens uma certa obsessão por mim. Todos os anos, três a quatro vezes por ano, constipas-me ou engripas-me, dependendo da tua disposição. Este ano, pensei que estávamos prestes a ter uma reconciliação. Estava feliz. Sentia que este Inverno ia passar incólume ao vírus influenza. Ouvia toda a gente a queixar-se de gripes e constipações, eu descarada, nem tinha tomado nada para a imunidade, contudo passaste por cima de mim. Deves ter percebido que por este caminho ainda te processava por perseguição. Percebi em ti um certo medo de alguma medida drástica da minha parte.
Contudo, recorrendo a toda a tua originalidade optaste por mudar de maleita, visando novamente a minha pessoa. Achaste por bem que eu tivesse uma alergia cutânea ao mesmo tempo que combatia os primeiros sinais de constipação. Obrigaste-me a tomar anti-histamínicos que me toldam o raciocínio e me tornam anormalmente lenta, sem contudo atuarem no sintoma principal, a comichão. Portanto os meus dias têm sido passados a tentar ignorar uma forte comichão ao mesmo tempo que sinto que metade do que se está a passar no mundo me passa ao lado. A minha capacidade de perceção está seriamente afetada.
Na verdade não é só a capacidade de perceção. Todas as minhas capacidades estão diminuidas. Até a escrever eu sinto que o meu cérebro se esvaiu de informação. As ideias não fluem.
Portanto, se não for abusar, devolve-me o meu estado de sanidade habitual. Sem alergias, sem constipações, sem dores no corpo...
Atenciosamente,
Tea.