Cinco pessoas das quais queremos fugir nas aulas
As minhas aulas são tão produtivas que às vezes, qual epifania que desce sobre mim, tenho ideias para cima de espetaculares para possíveis posts (#sóquenão). Só por isso já vale a pena o sofrimento de me enfiar numa sala pouco ventilada e com gente chata.
Estava eu, na sala, a fazer oscilar os meus pensamentos entre parvoíces e inutilidades, quando me ponho a observar alguns colegas (já disse que gosto imenso de observar pessoas?). E reparo, depois de longos 13 anos disto (escola, faculdade, colegas, professores), que os meus caros colegas, aqueles assim mais caricatos, têm tendência a inserir-se num dos seguintes grupos:
A espécie que sabe tudo
Tudo. Tudo. Tudo. E fazem questão de me escarrapachar esse facto na cara. A mim e ao resto da turma. Não sei se têm vida própria ou se fazem alguma coisa para além de estudar. Se calhar não, digo eu… Não sei. Também não quero estar aqui a lançar calúnias. O problema reside não no facto de saberem tudo, que só por si já é bastante irritante, mas no facto de debitarem a matéria de uma forma estupidamente fabulosa (é inveja, sim). Uma coisa positiva nesta espécie, dão-me vontade de chegar a casa e estudar, estudar, estudar. O problema é que chego a casa e a vontade eclipsa-se. Se calhar trago um deles para casa, um dia destes.
A espécie que ‘tá nem aí
Podia vir um furacão, um terramoto seguido de um tsunami e de toda a panóplia de desastres naturais, que eles continuavam impávidos nos facebooks desta vida. Do mal o menos, não se estendem naquela ladainha insana de quem quer mostrar que sabe tudo, mas afinal não sabe. Até nem são más pessoas, acham é aquilo chato. No fundo, até sinto alguma solidariedade.
A espécie que tem simbiose com perguntas parvas
Não fazem por mal, coitadinhos. Perguntam porque não sabem, porque querem mostrar interesse, porque… Às vezes, porque são parvos mesmo, pronto. Mas uma pessoa não tem culpa de ser parva, como está bom de se ver. É chato é eles aperceberem-se do facto de que a pergunta é parva, mas insistirem em fazê-la.
Ó professor, eu sei que a pergunta é parva, mas…
Ó alma de Deus, se a pergunta é parva e se tu sabes que é parva, calas-te antes que eu, num ato de desespero, me lembre de atirar o meu estojo num voo picado diretamente ao teu encéfalo. Difícil vai ser acertar, que para além da minha fraca pontaria o teu encéfalo, segundo desconfio, também não deve ter proporções muito abundantes.
A espécie que pensa que sabe tudo, mas afinal, veja-se lá o azar, não sabe
Estes não mereciam só o estojo. Mereciam o estojo, as sebentas, os livros… Tudo de rajada até se calarem. São aquele género de pessoas que pensam serem dotados de uma certa omnisciência. O problema é que na prática, não são. O professor vai fazendo perguntas, eles vão errando e no final, quando o professor dá a resposta, olham para ele e dizem:
Claro, claro, professor é isso mesmo.
No fundo, sempre souberam as resposta, querem é testar os mentecaptos dos colegas.
A espécie que coloca muuuuuitas dúvidas. Muitas mesmo.
Tantas que mais uma vez despoletam em mim instintos assassinos e uma vontade mórbida de que o meu material de sala de aula vire arma de arremesso. Não são dúvidas parvas. São dúvidas. Mas é uma quantidade hiperbólica de dúvidas.
Menos. Muito menos.
E de cada vez que vejo o dedinho no ar instalado por cima da cabeça de uma dessas alminhas, tremo. Tremo muito. Principalmente quando vejo o ponteiro aproximar-se da hora de saída.