Dizer sim ao não
Custa-me horrores responder que não, quando precisam de um sim. E vou dizendo sim. Vou acumulando uns quantos sim e outros tantos não para mim. Porque dizer constantemente sim a toda a gente, é dizer não a nós próprios. Desorganizar a nossa vida, para os outros organizarem a deles.
Mas, caramba, eu sei o que é estar enrascada, com a corda ao pescoço, a precisar de um sim, e toda a gente me dizer o que não quero ouvir. Sei o que isso é. E sei também que, se desorganizar um bocadinho a minha vida, não vem mal nenhum ao mundo de maior, e a outra pessoa vai ficar sem aquele peso, sem aquele entrave.
O que me esfrangalha depois os nervos, sou eu, depois de fazer malabarismos vários para conseguir dizer um sim, vir a pedir um sim àquela pessoa, e ela, sem pestanejar, sem dedicar muito tempo à questão, atirar-me um não. Numa atitude umbiguista de quem não precisa que lhe digam um sim, quando, na verdade, já precisou...