Leituras| A Seleção
*Alerta Spoiler*
Uma amiga disse-me que tinha duas opções: ou lia A Selação ou lia A Seleção. Um ultimato, portanto, para me apresentar a ausência de escolha. Eu, ainda resisti, mas acabei por ceder. Estamos a falar de YA num registo muito girly. Um dos meus pontos fracos, portanto, de uma forma ou outra, ia acabar por ler esta trilogia.
O livro, tal como o título indica, trata de uma seleção. Tendo como objetivo unir o país, quando o príncipe herdeiro chega ao trono tem de escolher uma mulher plebeia para casar. Raparigas de todas as castas concorrem com o objetivo de serem selecionadas aleatoriamente para um grupo de trinta e cinco raparigas que irão viver para o palácio até o príncipe herdeiro decidir com qual irá casar.
America, a nossa personagem principal, acaba por concorrer, embora a última coisa que quer seja ser selecionada e esteja apaixonada por Aspen. Estão a ver o que acontece? É selecionada para integrar as trinta e cinco raparigas.
Quando chega ao palácio, informa imediatamente o príncipe, Maxon, que não está interessada nele, mas aceita-o como seu amigo durante o período que permanecer no palácio. Esperta a miúda, hã? Tem trinta e quatro mulheres a babarem por ele e uma que jura a pés juntos que tem zero interesse por ele. Qual é que ele havia de querer? A America, claaaaaro, a difícil.
Sim, é um bocadinho cliché, mas acho que isso é que lhe dá uma certa piada.
Destas trinta e cinco mulheres terá de ir afunilando o número de candidatas até chegar à eleita. O primeiro volume acaba com apenas 6 candidatas. Ora, para escolher uma entre trinta e cinco, tem de ter encontros com cada uma, conhecê-las, falar com elas… A parte dos encontros com toooodas as candidatas soa-me a uma relação meio polígama. Estamos a falar de encontros românticos. Basicamente o sonho de qualquer homem. Andar simultaneamente com trinta e cinco mulheres sem pesos na consciência.
Como o livro é narrado por America não vamos tendo acesso a esses encontros, apenas aos encontros entre Maxon e America. E é a partir desses encontros que vamos percebendo que se vão apaixonando gradualmente. Sim, eles apaixonam-se. Mas, para complicar um bocado a coisa, a America ainda está apaixonada por Aspen. E, adivinhem, quem se torna guarda no palácio? Aspen. Fica então completo o triângulo amoroso.
Chateia-me ela não saber com qual dos dois quer ficar. Chateia mesmo. Assim como chateia o Maxon estar apaixonado por America, mas continuar com os encontros com todas as outras. Grrrr… Não me perguntem porque é que fui sempre team Maxon, não reconheço mais qualidades em Maxon do que no Aspen. Mas há ali qualquer coisa, apesar de tudo o que o Maxon possa fazer de parvo, que me faz querer que a America e o Maxon acabem juntos. A própria autora não percebe o quê e diz que inicialmente o plano era a America e o Aspen ficarem juntos, até que depois de acabar o livro o lê e percebe que não, que a America está bem é com o Maxon (eu avisei que tinha spoilers). Diz que ouviu a personagem. Acho fabuloso quando os autores dizem que ouvem as personagens. Um nada esquizofrénico, convenhamos.
No meio disto tudo, ainda há as restantes trinta e quatro candidatas. Juntar trinta e quatro mulheres e pô-las a lutar pelo mesmo homem… dá disparate, como é óbvio. Aquelas cenas tipicamente femininas sem pingo de lógica. Ainda por cima, pô-las a passar o dia juntas na mesma divisão. Portanto a dinâmica entre as trinta e cinco também é muito interessante. Há aquele espírito de competição, disputas, discussões, mas também há as que se tornam besties, amigas para todo o sempre, uma certa solidariedade de quem está no mesmo barco para o que der vier. E há a Marlee. Muito importante. Uma das candidatas e a melhor amiga da America. Que é uma querida. Fofinha, mesmo. Sem ironias.
No meio disto tudo há as entrevistas. O acompanhamento televisivo de tooodo o processo. Esta parte acabou a fazer-me lembrar The Hunger Games (THG). O espírito é diferente. Em THG luta-se pela vida, n’A Seleção luta-se por um homem. Mas no fundo, no fundo, até há ali algumas parecenças.
Para adicionar alguma ação ao livro, o palácio é frequentemente alvo de ataques sulistas e nortistas, o que transforma o livro em algo não assim tão pink e dá para desenjoar do romance.
Em relação à minha opinião e muito sinteticamente: gostei, tem um enredo muito giro, parte de um conceito muito engraçado, mas depois acho que foi mal desenvolvido em algumas fases. Agarra (li-o num dia), mas não é surpreendente. Falta ali qualquer coisa. Não sei explicar.