Não gosto muito de biografias. Gosto ainda menos de histórias trágicas. Contra todas as expectativas quero ler este livro. Não é o meu tipo de livro. Eu não tenho beeeeem um tipo de livro. Leio muita coisa, sem grande ligação entre si. Mas quero ler este.

Cruzei-me com ele na bookit. Coincidência estranha esta, a bookit nem é das livrarias que mais goste. Ter de esperar por uma pessoa obriga a desesperos destes. Naquele dia em particular estava caótica.Livros por todo o lado. Biografias, ao lado de romances, livros de culinárias e de auto-ajuda. Andavam a repôr stock e estava tudo uma confusão. Como não sabia muito bem orientar-me e não tinha nada para fazer, em vez de ir para as prateleiras que conheço bem, agarrei num livro aleatoriamente. Tinha uma capa bonita (quem nunca começou a ler um livro só por causa da capa?). Li a sinopse na parte de trás e percebi que era só um livro. Era daqueles livros que lemos as primeiras páginas e ficamos com uma curiosidade mórbida para ler mais. Deixo-vos esse mesmo trecho.

A história real de uma norte-coreana que fugiu para conseguir viver. Cresceu a pensar que era normal ver cadáveres na rua a caminho da escola. Que era normal comer plantas selvagens para calar o estômago. Que era normal ver os vizinhos "desaparecer". Aos 13 anos, quando a fome e a prisão do pai tornaram o futuro impossível, Yeonmi e a família tomaram a decisão arriscada de fugir. Arriscaram morrer porque escolheram ser livres. Porque escolheram viver.

Não acho que tenha de ser um livro necessariamente triste. É dramático, trágico até. É horrível pensar que isto ainda existe. Vivemos a nossa vida ocidental a pensar que o mundo não é assim um sítio tão mau. Mas depois lemos coisas destas e percebemos que afinal o mundo é sítio horrível para muita gente. Mas é um livro com um final um bocadinho feliz. De uma rapariga que conseguiu fugir depois de passar por situações indescritivelmente péssimas. Fugiu e diz que é feliz. Yeonmi Park.

Isto faz-me sempre pensar que tenho uma vida perfeita. Quase perfeita, mesmo. Não penso todos os dias se vou morrer à fome, tenho uma casa, uma família, uma cama, amigos... E há tanta gente com tão menos.

Quero mesmo lê-lo.