1. Já acelerei numa passadeira. Enquanto uma senhora passava a estrada. Eu ia jurar que dava tempo, mesmo eu estando a acelerar. O instrutor não partilhou a opinião.

2.Deixo o carro ir abaixo em média cinco vezes abaixo por aula. Nivelando a coisa por baixo.

3. Já troquei o acelerador com a embraiagem. Faz todo o sentido, não faz? Carreguei a fundo no acelerador quando deveria tê-lo feito com a embraiagem. Valha-me o instrutor que está permanentemente atento à minha capacidade para fazer o contrário do que era suposto fazer.

4. Faço as perguntas mais idiotas de sempre. Não vou inclui-las no texto por uma questão de reputação. Mas os instrutores, que têm uma paciência para cima de espetacular, respondem a tudo como se não fosse a coisa mais óbvia do mundo.

5. O instrutor insiste, geralmente, em estar sempre a pôr a mão no volante. Acho que tem medo que eu me espete na valeta. Ou num camião. Não percebo porquê.

6. Suspeito que sempre que tenho aulas os instrutores andam à bofetada para saberem quem me dá a aula. Acho que temem pela integridade física.

Estou no bom caminho, certo?

- Vira à direita, segue sempre em frente, vira à esquerda, depois voltar a virar à direita, depois segue em frente, depois encontra uns semáforos, vira à esquerda, vira à direitra, volta a virar à direita,...

Cinco minutos depois...

- Continua por essa estrada, vira à direita, depois vira à esquerda, volta a virar à esquerda, tem uma rotunda...

-Errr... Já percbebi, obrigado.

Então?! Mas eu ainda não tinha dito tudo...

Passei. Passei o exame de código. Não é nada de extraordinário, a maior parte das pessoas passa o exame de código à primeira, a maior parte das pessoas nalgum momento da vida tira a carta de condução. Toda a gente (a grande maioria) diz que o código é mais fácil (ou pelo menos mais acessível) que a condução. Não é nada que não se faça, nem nada extremamente complicado. Mas apesar de estar relativamente acessível ao comum dos mortais, nunca pus de parte a hipótese de reprovar. Fiz demasiados exames de código para subvalorizar a possibilidade de reprovar. Nunca pensei que ia passar sem dificuldade nenhuma. Sabia que havia muita coisa que podia fazer com que tivesse mais de três respostas erradas. Podia ter uma azar enorme e a aleatoriedade das questões fazer com que me calhassem exatamente quatro respostas das quais não fazia ideia a resposta. Por isso quando acabei o exame, estava ciente que tanta podia passar como reprovar e quando por fim recebi a resposta em definitivo, foi um alívio enorme. Quando o examinador disse que tinham passado todos os que estavam na sala, ficámos a olhar uns para os outros, com sorrisos solidários e risos nervosos.

Independentemente da facilidade com que se passa no exame de código (que acreditem, não é assim tanta), estou mesmo contente.

Que venham as aulas de condução. Estou super entusiasmada.

Digo ao meu instrutor de código que a minha maior dúvida está nas cedências de passagem (não, ainda não fui a exame...). Ele começa com uma história toda compostinha a respeito de que quem faz os exames tem muita experiência e sabe muitíssimo bem qual é o tipo de perguntas que estamos mais propensos a errar. Não sei muito bem como, começa a falar na sua própria experiência enquanto instrutor. Quando dou por ela está a contar-me a história da vida dele. Fico perplexa a pensar de mim para mim como é que uma pergunta sobre cedências de passagem acaba na história de vida do meu instrutor. Chega à hora de saída pergunta-me se fico para a próxima aula. Respondo que não. Olha para mim e diz:

- Então olha, próxima aula volta a fazer-me a mesma pergunta.

Olho para ele com uma certa vontade de rir. Ou de chorar. Não sei bem. Para a próxima aula deve trazer o álbum de fotografias dos filhos.