Alerta spoiler (ainda estou para descobrir como é que se fazem reviews sem spoilers...).
Centésimo post do blog, para falar sobre o quê? Livros. Já vim aqui cem vezes, repetir este processo que é o de escrever um post. Já falei sobre cabelo, sobre roupa, sobre comida, sobre filmes, sobre a faculdade, sobre o meu dia-a-dia... Hoje falo de livros.
Há quase um ano atrás uma amiga minha ofereceu-me o "Divergente", porque sabia que eu queria ler a saga já há algum tempo. Li-o em dois dias. Entretanto era para ter começado o "Insurgente", mas só quase um ano depois, em Dezembro, é que o consegui. E acabei a trilogia, como disse aqui. Com muita pena minha. Custa sempre. Afeiçoamo-nos à história, aos personagens, ao enredo...
Decidi fazer review da trilogia, em vez de optar por fazer de cada livro individualmente (passávamos o mês a falar disto...). Vamos a isto.
O primeiro livro, Divergente, acho que foi o que mais gostei. É talvez o mais parado, com menos ação, mas ainda assim com muito movimento. É o livro em que nos são apresentadas as personagens. Em que temos uma ideia geral do que está a acontecer. É o livro em que nos é apresentado o universo Divergente. O sistema de fações nos quais se encontra dividida a sociedade: Cândidos (a sinceridade), Abnegados (o altruísmo), Intrépidos (a coragem), Cordiais (a amizade) e Eruditos (a inteligência). É o livro em que Tris tem de escolher a qual das fações quer pertencer. Se quer manter-se na Abnegação com a família ou transitar para outra fação. Depois de escolher mudar para os Intrépidos, depara-se com todo um processo competitivo de Iniciação. É nesta fase, que começa a tomar consciência da perigosidade do seu segredo, ser Divergente, ter aptidão para mais do que uma fação. É também nesta fase que conhece Tobias e se apaixonam. O final do livro é sem dúvida a fase do livro com mais ação, que nos deixa em apneia, sem conseguir respirar com toda a sucessão de acontecimentos.
No segundo livro, Insurgente, retomamos o ponto em que tínhamos terminado o último livro. A Erudição alia-se a alguns membros dos Intrépidos com o objetivo de eliminar todos os Divergentes, que supostamente ameaçam a sociedade. Durante todo o livro vai-se criando suspense em torno de um suposto segredo que pode mudar toda a dinâmica do livro. Eu percebi desde o início que estaria relacionado com a existência de vida humana por de trás da cerca, portanto, não constituiu grande surpresa. Neste livro nota-se uma evolução na relação Tris/ Tobias. Já avançaram para algo mais sólido, já ultrapassaram aquele romance inicial. Ao mesmo tempo, Tris vive obcecada com o ser o mais abnegada possível, nem que para isso tenha de morrer. Acha que tem o dever de salvar toda a gente à sua volta, seja para fazer valer a morte dos pais, ou para adormecer o peso na consciência que tem por ter matado Will. Outros personagens em relação aos quais eu acho que se notam mudanças são Peter e Caleb. Peter parece que, gradualmente, está a tomar o rumo para se tornar uma pessoa melhor, embora mantenha os mesmos traços egoístas que vimos no primeiro livro. Caleb muda para algo, de certa forma, surpreendente. Alguém que aceita que a irmã morra, pelo bem do "conhecimento" e da "sociedade". Mas no fundo, acho que ele não é o vilão. É simplesmente alguém facilmente manipulável e vítima de Jeanine. Outras duas personagens cruciais para o livro são os pais de Tobias, que vamos conhecendo melhor. Percebemos que não são assim tão diferentes, embora por motivos diferentes. O pai de Tobias por simples maldade, a mãe por vingança.
Por fim, o terceiro livro, Convergente. Não sei se foi o que gostei menos, mas foi de certeza o que me custou mais. Foi o livro com que me despedi desta saga e foi o livro em que Tris morreu. Ainda agora, penso como é que é possível ela ter mesmo morrido. Ela e quase todas as boas personagens... Escaparam poucas. Eu percebo que seja realista muitas personagens terem morrido, uma vez que se tratava de um contexto de guerra e até percebo a intenção da autora ao ter determinado a morte de Tris, mas mesmo assim, acho que não havia necessidade. Quando o terceiro livro começa já sabemos da existência de vida do outro lado da cerca. Tris faz parte do conjunto de rebeldes que decidem explorar o que existe para lá dos limites da cidade. Esta revelação muda toda a perspetiva do livro. Percebemos que a cidade dividida em fações não passa de um experiência genética que está constantemente sob vigilância. Uma das partes que mais gostei foi um conjunto de revelações que Tris tem sobre a mãe, que lhe permitem perceber melhor o motivo pelo qual a mãe morreu e conhecer melhor a personalidade e a história da mãe. Outro aspeto foi o facto de o livro ser narrado a duas vozes: Tris e Quatro. Gostei imenso do acesso que vamos tendo à mente de Quatro. Acho que só no terceiro livro compreendemos de forma mais plena a personalidade de Quatro. Vemos também que Tris abandonou a ideia de que tem de morrer a todo o custo para salvar alguém, mas ao mesmo tempo é cada vez mais altruísta, o que em última instância acaba mesmo por conduzi-la para a sua própria morte. Uma morte, na minha opinião, um pouco ridícula. Depois de tudo o que sobreviveu, morrer assim, não faz muito sentido. O motivo faz sentido, mas a forma como morre não. Em relação a Peter, vemos que embora mantenha os mesmos traços de personalidade, estão mais atenuados, vemos que quer mudar, embora não tenha coragem de o fazer por ele própria. Vemos que Caleb não é definitivamente o vilão, muito embora seja muito manipulável e volúvel. O livro acaba de uma forma triste, mas bonita.
Gostei mesmo desta saga. Foi diretamente para o meu top de favoritos. Recomendo mesmo.